domingo, 23 de dezembro de 2007

NONSENSE




Reportagem da revista Galileu traz à tona polêmicas pesquisas realizadas por cientistas por todo o lado, que visam provar a existência de um gene gay. Até mesmo pesquisas de características físicas e mentais que possam diferenciar heterossexuais de homossexuais.


Ao chegar na metade da reportagem, senti uma sensação estranhamente ruim. Me pareceu que estão realmente tentando descobrir a 'causa' da homossexualidade, como se fosse uma doença, ou ainda pior, uma mutação genética. De repente me lembrou a saga dos 'X-man'. Para quem não se lembra de filmes, quadrinhos ou desenhos animados dos tão queridos mutantes: descobriram causa, origem e consequentemente cura para a mutação, o que gerou todo um conflito de interesses que acabou por desenrolar uma guerra.


Mesmo após tentativas frustradas de 'classificar' características recorrentes aos homossexuais, cientistas e psicólogos continuam tentando com garra encontrá-las. E continuam tentando provar a existência do gene gay para futuramente conseguir determinar mesmo antes do nascimento qual bebê vai ser gay e qual não vai.


Sinceramente não consigo ver a urgência ou importância em se provar que gays tem mais chances de ser canhotos, ter redemoinhos pro lado direito; ou maior ou menor capacidade espacial. E não sei nem entendo o porquê de se querer saber cientificamente quem é homo ou hétero. Nem compreendo que diferença isso pode fazer na vida, conflitos e preconceitos vividos por homossexuais e suas famílias. E ainda confesso estar agora constantemente com um frio na espinha, cada vez que me lembro dos 'X-man' e sua 'cura milagrosa'.


A foto acima mostra uma campanha feita na Itália para tentar 'amansar' conservadores, que traz a legenda: "orientação sexual não é uma escolha". Acho 'digna' a polêmica tentativa frustrada dos italianos e também acredito não ser uma escolha; mas penso que tentar provar cientificamente que se pode nascer com preferências sexuais e amorosas pelo mesmo sexo não vai trazer qualquer melhora aos conflitos, convencer 'skinheads' ou ajudar sociedade e homossexuais a compreenderem-se.





Repetindo os dizeres da bandeira da parada gay de 'Sampa' de 2007:


'Por um mundo sem racismo, machismo e homofobia.'

domingo, 16 de dezembro de 2007

Agora depois de rios derramados,
sentimentos misturados e cansaço
percebo o que percebo de vez em quando
sempre
e que mesmo lembrando sempre me esqueço.
relembro que na verdade,
no fim,
quem se importa de verdade são poucos.
pouquíssimos.
E relembro que supervalorizo pessoas
sempre
e me lembro que sofro
e lembro que me machuco
e deixo cicatrizes em mim mesma
num masoquismo sem fim.

domingo, 9 de dezembro de 2007

A VINGANÇA E A RECONCILIAÇÃO PENOSA


"Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade. Não era tour de propriétaire, nada daquilo era meu, nem eu queria. Mas parece-me que me sentia satisfeita com o que via.
Tive então um sentimento que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti mãe de Deus, que era a terra, o mundo. Por puro carinho, mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade eu era por carinho mãe das coisas."
Clarice Lispector

sábado, 8 de dezembro de 2007

Mas é verdade que pulsa
circula e quando vê...
sente-se pasmo mesmo

No homem pulsante
De dias pesados
de olhos amargos
E os seus

Sonhadores que moldam
a arte que pulsa
O viver de um dia

Mas a verdade pulsante
Circula mesmo rompante
O sentir da Alegria.

leon de Aguiar - 04/07/07

Presente de um de meus poetas preferidos e a melhor companhia que se pode ter para uma boa dose de pinga, ouvir uma boa música, fazer uma bela farra ou simplesmente divagar sobre a vida.

domingo, 25 de novembro de 2007

E-se?

Tudo já havia ficado mais igual do que o que poderia não matar de tédio. Todas as loucuras já haviam virado praxe. Normal. Igual.
Dias virados, beijos escondidos, o proibído. Pessoas, amigos, conhecidos.
A onda.
Eventuais momentos intelectuais em forma de filme, textos, às vezes livro. Mesas de bar.
A mãe tentando enfiar o tal 'bom senso' com palavras afiadas.
Não. Não poderia continuar ali. Nem mais um dia.

-Uma passagem pra bem longe. Pra onde? Pra onde? Pra lá. Não sei pra onde moço. Ora como assim não sei? Não sabendo oras. Tá, você tem um mapa? Aqui. Bem aqui, tá vendo? Essa ilhazinha aqui do lado de cá. Não, não me interessa saber os pontos turísticos. Muito menos a situação política. Olha, moço, será que você não pode só me vender a passagem? tenha um bom dia você também.

Desejando que caísse um vidro de katchup na camisa engomadinha do atendente, além de mais milhares de coisinhas dessas que te fazem desejar não ter saído da cama saiu apressada. Achar a cabine, procurar o livro na bolsa e esperar. Sair assim, sem aviso. Sem despedidas. Pro inferno com o pensamento martelando. Não era prudente, sim. Iria trazer arrependimento, não.

Mas a mente traiçoeira inchada de humor negro insistia:
E se, daqui a alguns meses, for tudo a mesma coisa?
E se, qualquer lugar que fosse acabasse se tornando igual?
E se, acabasse se acabando da mesma forma?
E se, no final, todos os lugares são iguais e todas as pessoas hipócritas?
E se...
Basta de e se's.

Provavelmente acabaria com a mesma sensação de náusea e mesmice.
Ainda bem que não nos primeiros meses.
Não nas primeiras horas.
Não nas primeiras pessoas.
Pelo menos...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Suddenly sadness

E de repente me dei conta, após ver fotos e mais fotos minhas, de que nunca mais tive aquele sorriso no rosto. Ou o brilho nos olhos. Até mesmo nas fotos mais recentes, vejo tristeza e desesperança por traz do meu olhar. Desde que amei. Desde que sofri. Tem horas em que quero acreditar de novo, uma pontadinha de vontade de mar outra vez, uma pontadinha de esperança. Mas na maior parte do tempo, simplesmente não acredito. E então escuto a mesma música triste e que fala de corações partidos. Over and over again. Por alguma razão qualquer nunca consigo esquecer por completo. Não consigo remendar o coração por completo. É como se estivesse tão destruído diversas vezes que deu perda total. E me sinto triste. Como se eu fosse apenas um vazio infinito. Como se caísse num poço sem fundo. Caindo, caindo, caindo, sem parar. E eu olhando pra cima sem vontade de gritar por socorro. Sem vontade de voltar. Sem vontade de chegar ao fundo. Sem forças para tentar segurar em qualçquer coisa. Simplesmente caindo. Infinitamente.

sábado, 17 de novembro de 2007


- What statue?
- I always wanted to have sex with the Venus of Milo...

Bertolucci mother fucker




















Tensão sexual à flor da pele


Cinema


Diálogos inteligentes


Cenas fantásticas


Tema polêmico


É como se stivesse chocando sem chocar...


Difícil explicar.


Daqueles que obcecam


Que você tem que ver de novo.


Atire a primeira pedra quem após ver esse filme não teve vontade de sair correndo no Louvre, imitar cenas de filmes e fazer joguinhos sexuais? Se ainda não assistiu, te desafio.




E ainda por cima tem a Eva Green... Que beleza não?






#The dreamers, do diretor Bernardo Bertolucci#
(Até que enfim assisti de novo.)


quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Postando aqui um começo de algo.
Ainda em processo, portanto vou postando devagar e vos deixando curiosos.
O título também ainda está em processo.
Em inglês sim, por necessidade. Não que sempre seja por isso mas dessa vez foi.
Quem tiver algum problema com isso,
bom...
Foda-se.


Funny how we always see things our way. How we think some things are so absurd and the next day we do exactly the same. Still, we find it so natural.
Funny how when we want, anybody could be the perfect match. How many times don’t we research someone’s life and think to ourselves: ‘Wow! So much like me!’.
Funny how we can feel so innocent or so guilty. And how we try so hard to prove it, even knowing deep inside it can’t be true.





Some people are so afraid to be lonely they want everyone around to love and worship them. I wasn’t any different.
Anyone who has paid enough attention has already noticed how selfish people always have dozens of people around them. Those who have noticed that; I tell them next time, go and check if any of this people around is really their friend.
Starting to get the picture? Found it quite sad I bet. But doubt it has actually touched you enough to bring down a tear. It really is not something to feel bad about. I have never cried over me before, don’t you be the first.
People who cry over themselves and their stupid lives are either dumb or have psychological problems. This doesn’t have the intention on touching anyone’s feelings. It’s just a story. Will you be willing to read it even if it’s not a love or death drama?



How could it not be my fault? It was. But still… I couldn’t feel guilty. I tried to look guilty though. Tried to cry. Tried to look sad. Put on the mask, make a sad face and say I was so, so sorry. Make the same old ‘it’s not you, it’s me’ speech: ‘We are too different. It would never work. You are a perfect girl, you deserve better than me. Maybe this is not the time for us and one day we still can be together. Who knows? Maybe one day…’
Back home. For a minute I started feeling sad. But that wouldn’t last too long, as usual. Back to my selfish, empty, stupid little life. Oh, the life I loved so much!
It was the third relationship I ended in less than a month. Almost one per week and I had them all crying over me. Two weeks later they would still be calling. Me? Had my eye already on somebody else.
A call, an invitation to a party. Bath, new clothes, perfume, credit card, cigarettes, cell phone. One last check at the mirror and I was ready to go.
The moon was so big and the night so warm I decided to walk. Alone. I wasn’t afraid. In my mind I was stronger and more powerful than anything and anyone that could attack me. Sometimes I could even feel I was better than the universe and Mother Nature herself. But that was before. I could never expect what was coming to happen.

domingo, 11 de novembro de 2007

'Long road out of here' no repeat.
Após algum tempo off the hook me jogarei novamente aos tubarões.
Entrar no covil de cabeça erguida, fazer tipo de desinteressada. Provavelmente não estarei mesmo. Aguentar comentários, fofocas, olhares. Apesar de cada olhar me furar como uma lança levarei meu melhor sorriso no rosto. Mesmo a alma não sorrindo junto.
Talvez até deixe que me devorem.
É verdade, eu assumo!
Gosto de ficar remoendo dores passadas, adoro cutucar a ferida aberta com faca quente.
Passa, eu juro. Bom, sempre vai voltar vez ou outra mas passa de novo.
No auge do meu masoquismo emocional irei contra meus princípios e lutarei contra o 'eu sou forte' e ficarei aqui pensando em como eu fiz tudo errado.
E pior ainda, ficarei relendo tudo que escrevemos juntas aquele dia no bar.
Taí, se alguém se interessar.
Resultado de duas almas bêbadas após teorias sobre o seu humano:

Qualquer coisa, nunca é qualquer coisa, enfim.
Então me diz, me conta, ou melhor, não fale, imagine.
Tudo sempre tem sentido mesmo que sejam vários ou pareça ter nenhum.
Mas, a verdade é que nem nós sabemos
Hipnotiza e parece ter forma mesmo que às vezes machuque ou mate devagar.
Esgota, sabia? Canseira de não ter nada, nem ser.
Como se tudo estivesse sob uma nuvem de fumaça se esvaindo, desfazendo, perdendo a forma.
E acendo um cigarro, penso que assim será melhor.
E no final, há sempre um final. Ou não?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Chega em casa e vai direto pro banheiro. Enquanto a água cai, admira cada pedacinho do seu corpo e se delicia com cada uma das dores musculares. Hematomas para todos os lados. Roxos, vergões, queimaduras de cigarro, cortes, mordidas. Curte a sensação boa que sobe pela espinha; devagar, pórem alucinante. Sem se sentir saciada, ela se levanta e sai do banheiro. No rádio, o som de Everlong do Foo Fighters lança uma leve sensação de tristeza que se desfaz em meio aà fumaça. Pulsos, nariz, olhos, veias. Aqui o tesão se encaixa perfeitamente no cansaço. O remorço se entrelaça com a sensação de quero mais e ela percebe não ter mais o controle sobre nada. Se lembra de um amor antigo e apenas por alguns segundos tenta por a culpa no outro. Por apenas alguns segundos. De repente se lembra de comer. Devora em cinco segundos qualquer coisa da geladeira e liga a TV. Tentativa frustrada. O jeito, como todas as noites, é tentar dormir. Como se isso fosse possível.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

What have I become?

Sentimentos assustadores afloram
vontades incontroláveis
sonhos que mais parecem filme de terror
mas que não me deixam com medo.

Nunca estive tão cansada
mas minha mente não me deixa dormir
Algo me amedronta, sim.
Mas não o sangue ou os pedaços de gente
não os insetos e vermes.

Me assusta pensar que nunca esquecerei
me assusta pensar que jamais perdoarei
e mais do que tudo,
me assusta pensar que posso estar me tornando tudo aquilo que sempre desprezei.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Como evitar um sorriso de orelha a orelha? Como evitar um gritinho histérico? Como evitar a vontade de chorar? É o que acontece quando se recebe uma notícia boa. Não uma coisinha boba, algo significativo de um jeito muito mais profundo. E não é sobre você, mas sobre alguém que você ama. Saber que alguém não vai desistir de todo o potencial que sabe que tem. Que vai enfrentar o medo, o mundo, a vida.


Como evitar falar daquela criaturinha que está sendo formada neste momento? Aquela criaturinha que vai apenas começar a conhecer esse mundão daqui a seis meses? Aquela criaturinha que eu já amo, perdoem a pedreiriçe, pra caralho. Aquela que já tem dois anjos da guarda aqui, a espera. Que fariam e farão o que for preciso por ela.


Como evitar o medo das mudanças? Como evitar aquela vozinha dentro da cabeça tentando pregar o seu pé. Como não ter medo de enfrentar o mundo realmete sozinha pela primeira vez? Dessa vez, não. Dessa vez quem dá a palavra final sou eu. Dessa vez, sim, não darei ouvidos a ela. Dessa vez, de fato, pra valer, minha vida está só começando. E tenho dito.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Moço, vê uns cinco quilos de Literatura, por favor.



Pessoas loucas (ou não), baladinhas GLS que tinham muito mais do G e do S, piscina, cerveja, muito cigarro. Crises pela manhã, sauna, uma água fervente inesperada bem em cima do meu pé. Hematomas, amigos. Momentos materialistas no shopping: ‘aquela’ bota; o chapéu; livros; CDs; aquela camiseta do ‘Pink Floyd’ e aquela outra do ‘System Of a Down’ que é a cara da minha irmã. Óculos escuros enormes como aquele do clipe do ‘Sahara Hotnights’ que a menininha do prédio vizinho usava. Todas as coisas que não pude adquirir por falta de grana e excesso de farra.

Depois de ‘Daft Punk’ e musiquinhas dance e techno da moda cheguei em casa e tomei uma overdose de ‘PJ Harvey’, ‘Fiona Apple’, ‘Le Tigre’, ‘Portishead’ e ‘Juliette and the Licks’. Dentre outras cositas mas.

E depois de um fim de semana fora de casa percebo que tenho lido pouco. Muito pouco. O que mais me faltou não foram amigos que deixei aqui, não foi minha cama, não foi a família ou os cachorros. Pela primeira vez na vida sinto falta de estudar. A literatura está escapando pelos meus poros enquanto a cachaça, a fumaça e toda a química entram. Não quero deixar que ela escape.